Depois do envio de José Sócrates para um centro de novas oportunidades em Paris e na iminência de Santana Lopes privatizar o Totobola, os sócios desta Taberna sentiram-se obrigados a tomar as rédeas do país, tendo como base de comando este espaço!

18 de abril de 2013

O Rebate - J. Rentes de Carvalho


Acabo de ler O Rebate de J. Rentes de Carvalho, o primeiro livro que li deste escritor português mais conhecido na Holanda que em Portugal.
Como sou seguidor do seu “Tempo Contado” e com já li várias entrevistas, a escrita não me surpreendeu totalmente.
Não obstante, não deixa de ser, de certa forma, inesperado ver esse tipo de escrita reflectido durante um livro inteiro. Não que isto tenha nada de mal, é apenas uma nota.
Rentes de Carvalho pertence àquele género de escritores que “puxa” pelo leitor, tem um vocabulário que impressiona. Obriga quem o lê a estar atento, a estar focado e a ter que pensar para interpretar o que escreve, na forma que escreve. A título de exemplo esta frase dita pelo próprio: “O respeito pelo leitor implica que você não vai julgar que o leitor é estúpido porque ele não é. […] Claro que há uns – inclusive críticos – que não serão capazes de acompanhar, mas a culpa é deles não é minha.”.
Li recentemente “O Cemitério de Elefantes” de Dalton Trevisan, de quem Rentes de Carvalho é confesso admirador, e de facto, há neles muitas parecenças, na forma de escrita, na forma de começar as frases, na forma comprimida, mas altamente eficaz, como expressam acções e vontades.
O Rebate transporta-nos para Trás-os-Montes num Portugal longínquo (será?) anterior ao 25 de Abril. Pobre, rude e sofrível. A forma como está escrito o livro chega a parecer-se com uma película de cinema, tão claras são as imagens, tão reais são as personagens. Chega a haver momentos em que se sente o cheiro da aldeia, o calor, se ouve a mula a guinchar.
É de uma simplicidade a todos os níveis notável.
Já tinha escrito algumas vezes sobre Rentes de Carvalho, tinha para com ele uma sensação de que haveríamos de nos “conhecer” e até de nos “dar” bem. Pois cá está, não fiquei desiludido. Seguirei atento.

Adenda:
Já depois de ter publicado o post, estava a reler uma entrevista de Rentes de Carvalho quando me deparo com esta frase:
"[...] depois veio “O Rebate” e esse era mais feito para ser um guião de filme porque é muito visual."
Confere.

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