Depois do envio de José Sócrates para um centro de novas oportunidades em Paris e na iminência de Santana Lopes privatizar o Totobola, os sócios desta Taberna sentiram-se obrigados a tomar as rédeas do país, tendo como base de comando este espaço!

3 de abril de 2013

A realidade é inconstitucional, por HR7

A realidade é inconstitucional. É este o ar do tempo em Portugal: a realidade é inconstitucional, a crise é inconstitucional, a bancarrota é inconstitucional, mas o peso brutal das pensões e demais "direitos adquiridos" é constitucionalíssimo. Confesso que fico fascinado perante este processo mental: decreta-se que o efeito (a crise, a bancarrota, a necessidade de cortes) é inconstitucional ao mesmo tempo que se consagra a intocabilidade da causa (os tais "direitos adquiridos" de partes da população). Isto revela um regime e uma cultura política completamente bloqueados: a montante, é impossível mudar o que está mal a tempo e horas devido a cegueiras ideológicas e a interesses corporativos; a jusante, o regime que recusa mudar consagra a inconstitucionalidade da realidade financeira que ele próprio produziu. Ou seja, o regime faz birra quando se confronta com os efeitos da sua própria acção. Não temos uma Constituição, temos uma criança mimada. Resultado final do miminho? Como é impossível tocar estruturalmente na despesa, o regime lança mais impostos sobre a sociedade que produz e que está lá fora, fora do espaço dos "direitos adquiridos". 
E esta absurda injustiça é feita, repare-se na perversão, em nome da Constituição. Das duas, uma: ou a interpretação em voga da Constituição está errada, ou temos uma Constituição inconstitucional que não merece respeito.
Henrique Raposo, aqui

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